Na Líbia, as forças leais ao governo estabelecido no leste do país capturaram um terminal petrolífero que estava até agora nas mãos das milícias fiéis ao outro governo, o que é reconhecido pela comunidade internacional. O país vive uma situação de caos político desde a revolução contra Muammar Kadhafi, que culminou com a morte do ditador, em 2011.
Este terminal de petróleo é o terceiro a passar para as mãos do governo do leste líbio. É por estas instalações que transita o crude líbio destinado às exportações.
A situação é ainda mais difícil de compreender se pensarmos que aqueles agora considerados rebeldes já foram o governo tido como legítimo.
O general Khalifa Haftar, antigo militar fiel a Kadhafi, dirige o exército nacional da Líbia. Durante muito tempo, a liderança dele foi reconhecida como a legítima pela comunidade internacional, mas passou a ser considerado rebelde quando se recusou a reconhecer o novo governo de unidade nacional. As tropas de Haftar controlam o leste da Líbia. Este governo paralelo é conhecido como o governo de Tobrouk.
A oeste, o governo de unidade nacional, de Fayez Al Sarraj, é reconhecido pelaONU e por várias capitais ocidentais. Há ainda os tuaregues, no sudoeste líbio, que não são fiéis a nenhum dos governos.
Além desta divisão política, há uma divisão entre as várias fações armadas: Na zona controlada por Haftar, estão o exército nacional líbio e a tribo Tubu. A oeste, a milícia Farj Líbia, braço armado do governo de Trípoli, e os tuaregues. A norte está o Daesh.
O presidente do conselho presidencial e primeiro-ministro Fayez Al Sarraj enfrenta agora duas frentes: O grupo estado islâmico, cuja progressão dem de travar – é o caso do que aconteceu em Sirte – e o exército de Haftar, que está a tomar conta dos recursos petrolíferos.
Tudo isso coloca em risco a sobrevivência deste governo, criado em março deste ano, com a chegada de Sarraj do exílio na Tunísia. Apesar da confiança da comunidade internacional, este executivo nunca foi aprovado pelo parlamento. Em dezembro de 2015, com a conclusão de um acordo promovido pela ONU entre as duas fações rivais, renasce a esperança de pôr termo à guerra civil. O acordo tem de ser ratificado pelos parlamentos das duas administrações autoproclamadas, mas o de Tobrouk recusa-se a assinar.
Haftar leva a cabo uma luta privada contra o grupo Estado Islâmico, mas ao mesmo tempo combate as milícias fiéis ao governo. Esta situação ambígua pode comprometer o combate à organização terrorista na Líbia.
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