domingo, 5 de março de 2017

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2,1 milhões de pessoas em risco de fome em Moçambique

Segundo a Organização das Nações Unidas muitos moçambicanos estão sob risco de fome devido à diminuição das reservas alimentares e enquanto se espera a próxima colheita em abril.



Cerca de 2,1 milhões de pessoas enfrentam risco de fome em Moçambique, um aumento de 700.000 em relação a novembro face à diminuição das reservas e enquanto se espera a próxima colheita em abril, segundo a ONU.

“As colheitas começam em final de março, abril e à medida que vão passando os meses até à próxima colheita os stocks próprios da colheita passada vão diminuindo e também (…) no mercado é mais difícil comprar. Daí o aumento das pessoas afetadas”, explicou à agência Lusa Karin Manente, representante do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Moçambique, num contacto telefónico.

Moçambique foi o ano passado um dos países mais afetados pela seca provocada pelo fenómeno El Niño e as organizações internacionais já estimavam em meados de 2016 que o pico da crise alimentar ocorresse entre novembro desse ano e o próximo mês de abril.

Segundo Karin Manente, em novembro as pessoas em risco de fome ascenderiam a 1,4 milhões, mas depois da “avaliação de campo” realizada pelo governo e os parceiros, incluindo o PAM, “a estimativa aumentou para os 2,1 milhões”.

A responsável adiantou que a maioria das pessoas em insegurança alimentar aguda se encontra no sul – nas províncias de Gaza, Inhambane e no norte da província de Maputo e no centro sobretudo nas províncias de Tete, Sofala e Manica.


O PAM presta apoio a mais de 600.000 pessoas em Moçambique através dos seus vários programas, como é o caso do que atribui um cabaz alimentar a quem realiza trabalho comunitário alguns dias por semana.

“As comunidades escolhem qual o bem comunitário que querem construir (…), algumas escolhem fazer cisternas, outros furos (de captação de água), outras plantações agrícolas, coisas que ajudam a comunidade a melhorar e diversificar a segurança alimentar”, referiu Karin Manente.

O lanche escolar é outro dos programas, que visa também manter as crianças na escola, onde são alimentadas e recebem um cabaz com comida para a família.

O PAM tem igualmente um programa de apoio “às pessoas mais afetadas pela desnutrição aguda”, que prevê a doação de um “cabaz com alimentos fortificados”, destinando-se às mães (grávidas e lactantes) e às crianças até aos cinco anos.

A representante do PAM adiantou que a agência das Nações Unidas também trabalha “ao nível da nutrição” nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, no norte de Moçambique. O norte não foi tão assolado pela seca, mas é uma zona onde “a desnutrição crónica é alta”.

“Acreditamos que com isto conseguimos evitar que a situação se deteriorasse mais ainda”, disse Karin Manente, acrescentando que se prevê que a situação vá melhorar com as próximas colheitas.

“No geral deve melhorar sim. Vai haver provavelmente necessidade humanitária de escala menor onde a colheita não foi suficiente ou não houve, mas de um modo geral acreditamos que será melhor este ano”, declarou, assinalando, no entanto, que “foram dois anos de seca” pelo que “há mais a recuperar nas comunidades”.

Karin Manente sublinhou, por outro lado, que “fome e desnutrição são questões multissetoriais”, pelo que há “necessidade de trabalhar a nível setorial e a nível de parcerias”, como o PAM tem por hábito fazer.

A representação da agência da ONU em Moçambique já elaborou “com a liderança do governo e os seus parceiros” o projeto do “plano estratégico para os próximos cinco anos”, cuja aprovação pelo conselho executivo do PAM está prevista para junho.

[FONTE: Observador]
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