Numa das camas do quarto para crianças malnutridas do Hospital Geral José Macamo está o pequeno Vander, que tem dois anos e três meses de idade, mas a sua aparência é de uma criança de um ano.
É a primeira vez que ele fica internado. Apesar do quarto do hospital ter-se tornado a sua casa há quatro dias e ter um canal de introdução de soro no seu pulso esquerdo, Vander mostra que gosta de brincar, tal como as outras crianças da sua idade.
Quando o “O País” chegou ao Hospital Geral José Macamo, o menino já apresentava sinais de melhoria, mas a mãe lembra como ele estava.
“Ele estava muito fraco. Tinha diarreias e vómitos. Viemos para aqui e disseram que ele tem desnutrição”, conta Biatriz Silvania.
As crianças com desnutrição aguda, que não tem a sorte de receber o tratamento que o pequeno Vander teve, ficam com o seu crescimento comprometido (baixo peso e baixa estatura).
Num cenário mais grave, a doença leva à morte. A desnutrição aguda não é considerada um problema de saúde pública no país, mas é uma preocupação.
A doença é muitas vezes tida como consequência da fome, a qual muitas crianças, principalmente da zona rural, estão sujeitas. Entretanto, há cada vez mais crianças desnutridas nas cidades. Pois não se trata de não ter alimentos, mas de consumi-los sem levar em consideração o seu valor nutricional.
No primeiro semestre do ano, o Hospital Geral José Macamo recebeu 137 crianças malnutridas. Por sua vez, o Hospital Geral de Mavalane internou 129 crianças desnutridas, em igual período. No país houve um total de 25.553 casos de desnutrição aguda, que resultaram na morte de 453 crianças menores de cinco anos.
Actualmente, a prevalência da doença é de oito por cento. As províncias da Zambézia (9%), Sofala (7%), Manica (7%), Nampula (7%), Cabo Delgado e Tete (6%) são as mais afectadas.
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