O Governo do Malawi anunciou, na sexta-feira, que pretende reabrir o antigo campo de refugiados de Luwani, que acolheu refugiados moçambicanos durante a guerra civil de 1977-1992, entre Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
O campo de Luwani – encerrado desde 2007 – tem mais de 160 hectares e o ACNUR acredita que o espaço oferece mais segurança e melhores instalações e serviços para os refugiados.
Os moçambicanos estão a chegar ao Malawi numa base diária, sobretudo no último mês e, por isso, o ACNUR aproveitou para salientar a importância de manter as portas abertas a pessoas que estejam em fuga do perigo.
De acordo com os últimos dados do ACNUR, até hoje, 9.600 moçambicanos foram registadas pelas equipas do ACNUR e as autoridades do Malawi, mas outros continuam à espera, num total de quase 11.500 pessoas.
A maioria dos moçambicanos que têm atravessado a fronteira para o Malawi desde meados de Dezembro concentra-se numa única aldeia, Kapise, a cerca de 100 quilómetros a sul da capital, Lilongwe.
Recentemente, o ACNUR fez um apelo aos doadores, sublinhando que precisa urgentemente de 15 milhões de dólares (13,8 milhões de euros) para assistir o crescente número de refugiados moçambicanos.
Segundo a agência da ONU, os refugiados relatam ter fugido após ataques contra as suas aldeias e recear os confrontos que opõem o Governo da Frelimo e as forças da Renamo, principal grupo da oposição, que reclama controlo sobre seis províncias no Norte do país (Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa), onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
A crise político-militar em Moçambique degradou-se nas últimas semanas, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios por razões políticas.
Na sexta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou ao diálogo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e pediu ao maior partido de oposição "máxima urgência" na designação dos seus representantes para preparar um encontro ao mais alto nível.
Na resposta, o líder da Renamo concordou com o reatamento do diálogo, mas, "como forma de evitar os acontecimentos do passado", condicionou as conversações a pontos prévios, nomeadamente à mediação da África do Sul, da Igreja Católica e da União Europeia.
Nyusi e Dhlakama encontraram-se duas vezes no início de 2015, mas o diálogo entre Governo e Renamo está bloqueado há vários meses.
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