O Presidente da República questionou, durante uma visita a Nairobi, a exigência da Renamo, de governar seis províncias no centro e norte do país onde alega ter ganho nas últimas eleições gerais.
"Não é verdade que a Renamo ganhou seis províncias. Apenas teve mais votos relativamente a outros partidos", afirmou Filipe Nyusi, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), num encontro realizado na sexta-feira com a comunidade moçambicana em Nairobi, onde participa na Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África (Ticad).
A conferência decorre de 27 e 28 de Agosto corrente |
Segundo o Presidente Nyusi, o maior partido de oposição aproveita-se da sua reivindicação para invadir hospitais e atacar e matar civis inocentes, "tudo isso porque o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, quer governar as seis províncias onde ele diz que ganhou as eleições".
Esta exigência da Renamo é um dos quatro pontos da agenda das negociações de paz, que decorrem em Maputo, com a presença de mediação internacional, a par da cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição.
Este ponto tem impedido o acordo de paz no país entre Governo e o principal partido da oposição.
As conversações têm passado por muitos impasses devido a falta de consenso em alguns pontos |
Filipe Nyusi estabeleceu uma comparação entre eleições e futebol, observando que, "quando termina o campeonato, apenas uma equipa ganha e é essa mesma equipa que representa o país no mundo inteiro".
A Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014, alegando fraude - e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio - ganho oficialmente pela Frelimo e pelo seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.
Segundo os resultados oficiais das presidenciais ocorridas naquele ano, Afonso Dhlakama venceu em Nampula, Tete, Zambézia, Manica e Sofala, mas não em Niassa, a sexta província onde exige governar.
Nas legislativas, a Renamo venceu em duas províncias (Zambézia e Sofala) e, para as assembleias provinciais, conquistou três (Zambézia, Tete e Sofala).
A 17 de Agosto, um comunicado conjunto indicava um acordo entre Governo e Renamo para a nomeação de governadores provinciais da oposição, uma competência do chefe de Estado, segundo a legislação em vigor, mas a delegação governamental veio posteriormente esclarecer que não havia ainda entendimento.
As partes não chegaram igualmente a acordo em relação à suspensão das hostilidades militares nem à deslocação dos mediadores internacionais à Gorongosa, onde se presume que se encontre o líder da oposição.
A Renamo aceita uma trégua temporária para facilitar a deslocação dos mediadores internacionais à Gorongosa, mas coloca como condição o afastamento das Forças de Defesa e Segurança da região.
A delegação do Governo considera, por seu lado, que as Forças de Defesa e Segurança "cumprem em todo território uma missão de Estado constitucionalmente consagrada" e argumenta que "é a suspensão imediata das hostilidades militares que vai garantir a segurança do corredor" a estabelecer para a viagem dos mediadores.
Os trabalhos da comissão mista foram suspensos até 12 de Setembro, mas a subcomissão constituída para preparação de um novo um pacote legislativo sobre descentralização continuará a trabalhar.
[FOTOS: Reprodução][FONTE: RR]
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